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domingo, 12 de março de 2017

A dor de uma mãe

“Açoitaram minha filha, governador. Fizeram tanta coisa ruim com ela... Eu não tive coragem de ver, mas me contaram tudo. O senhor sabia que o sangue dela escorria pelo rosto, e ela ia limpando com a mãozinha assim? Minha maior dor é que ela chamou por mim. Enquanto batiam nela, ela dizia: ‘Eu quero minha mãe. Cadê a minha mãe?’ E eu não estava lá”.
O relato, entre lágrimas, da aposentada Francisca Ferreira, mãe da travesti Dandara dos Santos, assassinada no dia 15 de fevereiro, calou a sala de reunião do Palácio da Abolição. Convidada a participar da reunião de militantes LGBT com o governador, Francisca não controlou o choro nas vezes em que Dandara foi lembrada.
“Será que foi uma missão que Deus deu para minha  filha? Dela ser sacrificada para ter essa repercussão internacional toda e mudar essa situação?”, perguntou. “Desculpe por eu estar chorando, governador, mas eu não consigo parar de chorar”. Tivesse levantado a cabeça e olhado para o resto da sala, Francisca veria que suas lágrimas tinham a companhia de quase todos ao redor.