A mãe de uma adolescente acusa o cunhado de estuprar a filha no
município de Ubajara, interior do Ceará. O caso teria acontecido no dia 17 de
novembro. A mulher afirmou que soube do caso ao ler uma carta na qual a
adolescente relata os abusos sofridos durante todo o ano para uma colega de
escola. Um Boletim de Ocorrência (B.O.) foi registrado pela mãe da adolescente
e a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) afirma que está investigando
o caso.
A
mulher, que trabalha de forma autônoma nas festividades de diversos municípios
do Estado, afirmou que em uma das viagens, na cidade de Sobral, no mês passado,
organizava os pertences da filha em uma bolsa quando descobriu uma carta
escrita à mão em que há o desabafo da jovem sobre as violências sofridas. “No
papel, ela disse tudo o que estava passando. Eu não tinha ideia de que isso
poderia estar acontecendo. Ela nunca havia me falado nada”, disse.
Conforme
a autônoma, a adolescente foi estuprada na residência do padrinho, marido da
irmã da mulher. Ela informou que, por conta do trabalho, desde quando, nasceu,
a filha é deixada na casa dos padrinhos:
“Ela
sempre ficou lá. Por causa das viagens, geralmente ela ficava durante toda a
semana na casa deles e, na sexta-feira, eu a buscava, para ficar conosco, com o
pai e o irmão dela. Eu deixava ela na casa da minha irmã. Eles eram os
padrinhos dela. Ele era como se fosse o segundo pai para ela, que viu minha
filha crescer.”
Na
carta, a jovem apela para uma amiga, afirmando que os abusos não aconteceram
somente quando ela era criança, mas que também a vitimaram neste ano: “Amiga,
eu não aguento mais! Eu te disse naquele dia que o abuso aconteceu só quando eu
era criança, mas não foi, não. Esse ano todo, eu sofri com esse monstro que é o
meu “padrinho” e eu não consigo mandar ele parar por medo de ele machucar o meu
irmão. Eu sofri esse tempo todo calada, sem coragem de contar para alguém, até
que decidi falar para ti.”
A
adolescente afirma também já não aguenta mais a violência sofrida e que, por
isso, decidiu se pronunciar. “Eu já não aguentava mais, amiga. Eu não quero
mais sofrer. A única vez que não sofro é quando estou com minha mãe, quando
estou longe daquele monstro.”
Ao
ler a carta, a mãe da vítima afirmou que ficou perplexa e decidiu primeiramente
conversar com a filha que, de imediato, confirmou tudo o que estava escrito:
“Eu a chamei para conversar no quarto e ela, ao me abraçar, chorando, me disse
que tudo era verdade. Eu pensei que ele tinha tocado nela, mas não que tinha
consumado o ato."
Exame comprovou abusos
A
mulher afirmou, após a conversa, levou a adolescente a um ginecologista para,
assim, ter provas sobre o que aconteceu. Nos exames, feitos na cidade, o laudo
médico comprovou que havia sinais recentes de penetração. “Minha filha tem 14
anos, na época, tinha 13, mas é uma criança. Ela nem havia menstruado ainda. É
uma menina que só ia da escola para casa e vice-versa.”
Ao
reportar o caso para a irmã, a autônoma afirmou que, apesar de ter acatado a
denúncia, a irmã ainda continua morando com o suspeito. “Ela ficou triste
quando eu falei para ela sobre o caso, cheguei a conversar nos dias seguintes,
até aconselhando-a. Mas, depois de um tempo, não falei mais com ela. Eu
acreditava que quando todo mundo soubesse, ninguém iria apoiar mais ele. Ela
disse que tem vergonha de mim e da minha família por causa de tudo o que
aconteceu, mas quem deveria ter vergonha é ele. Para mim, ele não é mais nada
da minha filha. Ele é um monstro!”
A
mulher disse que registrou um Boletim de Ocorrência sobre o caso na Delegacia
Municipal de Ubajara, mas que, até agora, apenas a filha e as colegas prestaram
depoimento, mas que ela não foi chamada para para ser ouvida, bem como
também o suspeito não foi notificado pela Polícia sobre as acusações: “Eu não
entendo, pois já temos todos os documentos. Eu pensei que ele seria chamado.
Nós não temos condições de pagar um advogado, mas já solicitei orientações para
um profissional, pois eu espero que ele seja preso.”
A
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou que
inquérito policial foi instaurado na Delegacia Municipal de Ubajara para
que o caso de estupro de vulnerável seja investigado. O órgão informou ainda
que A Polícia Civil enviará o inquérito ao Poder Judiciário.
Fonte-Diario do Nordeste