A vitamina D pode ter um papel
importante no tratamento e prevenção da covid-19, sugere um estudo da
Universidade de Turim divulgado nesta quinta-feira (26/03), que analisou a
relação entre a deficiência deste nutriente no corpo e o novo coronavírus.
Coordenado pelo professor Giancarlo
Isaia, docente em geriatria e presidente da Academia de Medicina da cidade
italiana, e por Enzo Medico, professor de histologia (estudo de tecidos), a
pesquisa mostrou que "dados preliminares coletados nos últimos dias em
Turim indicam que os pacientes com a covid-19 apresentam uma prevalência muita
alta de deficiência de vitamina D".
Os dados apurados na pesquisa, segundo
os dois especialistas, mostraram que a vitamina D tem papel ativo na regulação
do sistema imunológico. Outras evidências indicam que o composto tem um efeito
"na redução do risco de infecções respiratórias de origem viral, inclusive
na do coronavírus". O elemento também teria capacidade de combater danos
pulmonares causados por inflamações.
Ter vitamina D suficiente no organismo
também "pode ser necessário para determinar uma maior resistência às
infecções de covid-19, (possibilidade) que, apesar de haver menos evidências
científicas, pode ser considerada verossímil", escrevem os pesquisadores.
A falta da molécula no organismo é
ainda frequentemente associada a diversas doenças crônicas que podem reduzir a
expectativa de vida em idosos, "tanto mais no caso de infecções da
covid-19". Na Itália, a falta de vitamina D afeta grande parte dos habitantes,
especialmente os mais idosos, cujo país tem a segunda maior população do mundo,
depois do Japão. Os mais velhos fazem ainda parte do grupo de risco do novo
coronavírus. Fortemente a atingida pela pandemia, a Itália já registrou o maior
número de mortes do mundo em decorrência da covid-19, mais de 9,1 mil.
Isaia e Medico já submeteram o
documento com dados da pesquisa à Academia de Medicina de Turim. No texto, eles
recomendam aos médicos que, associada a outras medidas, eles garantam
"níveis adequados" de vitamina D na população, "mas sobretudo em
pacientes já contagiados, seus familiares, agentes de saúde, idosos frágeis, no
público de residências assistenciais, em pessoas em regime de isolamento e em
todos aqueles que, por vários motivos, não se expõe adequadamente à luz
solar".
Além disso, os autores dizem que a
administração intravenosa da forma ativa da vitamina D, o Calcitriol, também
pode ser considerada em pacientes da doença respiratória covid-19, causada pelo
coronavírus, com funções respiratórias particularmente comprometidas.
Eles lembram ainda que a carência pode
ser compensada, antes de tudo, com exposição das pessoas à luz solar
pelo maior tempo possível, "em varandas e terraços, além de ingerir
alimentos ricos em vitamina D e tomando preparados farmacêuticos especiais -
mas sempre após consulta médica".