A motivação da morte do coroinha
Jefferson de Brito, de 14 anos, permanece sendo investigada pela Polícia Civil.
Em depoimentos, suspeitos de participar do crime indicaram que o coroinha teria
três cortes na sobrancelha, símbolo que faz referência à facção criminosa
Guardiões do Estado (GDE). A região da Barra do Ceará onde o homicídio
aconteceu é, segundo os investigados, dominada pelo Comando Vermelho (CV).
Em depoimento prestado pelo preso
Robson Vasconcelos, o suspeito confessa ter espancado o adolescente. No
interrogatório, Vasconcelos teria dito aos policiais que o espancamento teve
início porque o adolescente havia tentado roubar o celular de uma mulher.
Robson contou que durante intervalo
do trabalho saiu para comprar um lanche e no caminho presenciou tentativa de
assalto contra uma mulher que caminhava pelo calçadão da Vila do Mar. Segundo
Vasconcelos, ele quis se vingar do assaltante e começou a desferir golpes.
O suspeito disse aos investigadores
que arrastou o adolescente até uma viela e lá percebido que a vítima tinha três
cortes na sobrancelha, o que teria relacionado à facção. O suspeito teria
pegado um tijolo e pau e continuado as agressões. Não há até agora nenhum
registro que indique o envolvimento do coroinha com o crime organizado
Robson ainda afirmou que saiu do
local sabendo que tinha deixado a vítima em estado grave, mas não disparou
tiros. Na volta ao local de trabalho, em um box de venda de peixes no Vila do
Mar, disse ao patrão que havia cometido uma besteira. Horas depois teria
recebido informação que cinco homens dispararam contra o adolescente.
Comoção
A morte do coroinha gerou comoção e
repercussão. A avó da vítima disse que o neto foi assassinado quando voltada de
uma aula de capoeira. Um vizinho da vítima, que optou por ter sua identidade
preservada, contou ao Sistema Verdes Mares que conhecia Jefferson desde
criança.
“Era uma criança tão especial e a
família está toda revoltada, porque ele era um menino que nem juízo ele tem e
fizeram essa maldade com ele. Ele era coroinha aqui da paróquia há muito tempo,
ele estudava, fazia capoeira e sempre ia pra lá. Quando ele chegava do
lava-jato, ia entregar os panfletos da pizzaria, tudo para ajudar a avó dele, e
aconteceu isso”, disse o vizinho.
O entrevistado disse não saber o
porquê do crime, no entanto, ouviu dizer que o adolescente havia cortado o
cabelo há poucos dias e feito três listras na cabeça: “Parece que foi por causa
dessas três listrinhas que mataram ele, por causa dessas coisas de facção de
três, de dois, disseram que foi isso. Aqui é muito perigoso”, contou afirmando
ter divisão de territórios de facções rivais dentro do bairro.
Até este domingo (23), quatro
suspeitos foram presos de participar da morte do adolescente. A Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) divulgou apenas o nome de Robson
Vasconcelos.
Fonte: Diário do Nordeste