A Via Láctea tem essencialmente duas partes: uma estrutura redonda e densa no meio, chamada “bojo”, e um disco achatado em volta do bojo. Esse disco é subdivido em braços. (Imagine um ventilador de teto. As pás são os braços, a lâmpada no meio é o bojo).
O Sistema Solar mora em um desses braços, mais ou menos na metade da distância entre o centro e a extremidade. Quando você olha para o céu, quase todas as estrelas ao seu redor são nossas vizinhas aqui. Estão dentro do Braço de Órion, conosco.
Ou seja: você está na Via Láctea. Somos todos moradores dela. Enxergar a Terra ou o Sol ou Saturno já é enxergar um pedaço da galáxia.

A questão é outra: você já deve ter visto moradores de bairros distantes (especialmente os mais velhos) dizerem “vou à cidade” no sentido de que vão ao centro da cidade – mesmo que eles já estejam na cidade.
De maneira parecida, acabamos usando o termo “Via Láctea” para se referir ao centro da Via Láctea – o bojo brilhante. Como se o braço periférico onde o Sistema Solar se localiza não fosse parte da galáxia.
Se você olhar na direção do centro da Via Láctea, sem poluição nem iluminação artificial por perto, é possível ver o bojo mais brilhante no meio de uma faixa esbranquiçada de estrelas (o fato de parecer uma faixa explica o nome de “via”, e a cor, a referência ao leite).