O agora rei Charles 3º divulgou um comunicado nesta quinta-feira (8) lamentando a morte da mãe, a rainha Elizabeth 2ª. Ele chamou a morte de “momento de grande tristeza para mim e minha família”.
Segundo ele, a morte será sentida por todo o Reino Unido, a comunidade Commonwealth e o mundo. “Nesse período de luto e mudança, minha família e eu seremos confortados e apoiados porque temos consciência do respeito e da afeição pelos quais a rainha era conhecida”.
O novo rei fará um discurso ao Reino Unido nesta sexta-feira (8º), segundo seu porta-voz. Será o primeiro pronunciamento dele desde a confirmação da morte da mãe.
Monarca mais velho a assumir o trono britânico na história e o que passou mais tempo como príncipe herdeiro, Charles, 73, deve fazer de seu reinado um período de transição entre o da mãe, venerada pela dedicação ao serviço público, e o do filho William, 40, visto como a modernização da realeza.
Enquanto Elizabeth assumiu o trono quanto o Reino Unido ainda era uma potência, Charles herda um país que vive uma crise de identidade e se tornou um ator secundário na geopolítica global. Além de ter optado por uma guinada isolacionista com o brexit, o divórcio com a União Europeia, tem sua própria existência sob risco.
Estão no horizonte um novo referendo sobre a independência da Escócia, pressões crescentes para a integração da Irlanda do Norte à República da Irlanda e até um ressurgente nacionalismo em Gales –algo particularmente doloroso para um homem que ficou tanto associado à região.
Sem autoridade política real, restará ao novo soberano o “poder suave” de tentar influenciar o humor do eleitorado, enfatizando as vantagens de manter o reino intacto, em pronunciamentos e eventos.
Segundo especialistas na realeza, ele tentará, logo de início, tomar atitudes para fugir um pouco da longa sombra da mãe e marcar um estilo próprio. Charles deverá simplificar rituais da monarquia, reduzir seus custos e focar a riqueza do reino como uma nação multicultural. Especula-se que, na coroação, fará uma adaptação do juramento, prometendo defender “as fés”, em vez de “a fé” anglicana, religião oficial do país.
Outra diferença provável é na maneira de se expressar sobre temas cotidianos. Como príncipe, Charles notabilizou-se por falar o que pensa sobre diversos assuntos e chegou a enviar memorandos a ministros, arranhando o princípio basilar, que sua mãe sempre respeitou, de não envolver a Coroa na política.
A grande questão é saber se manterá essa prática como rei, o que no limite poderia levar a crises constitucionais. Analistas da monarquia apostam que Charles sabe que, sentado no trono, precisará ser mais cuidadoso com as palavras.