Charles III e sua esposa Camilla foram coroados neste sábado, 6, em uma cerimônia religiosa grandiosa na Abadia de Westminster, em Londres, onde milhares de admiradores e alguns críticos devem acompanhar um evento que inédito no Reino Unido há 70 anos, que foi perturbado pela detenção de dezenas de manifestantes que pretendiam protestar contra o evento.
Oito meses após ter se tornado rei, Charles III, de 74 anos, foi coroado, neste sábado. O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, colocou a coroa de Saint Edward sobre a cabeça de Charles III. A esposa, Camilla, foi coroada imediatamente após de forma similar, porém mais singela.
De maneira pontual, às 9h20min (6h20min de Brasília), o rei, 74 anos, e a rainha, 75, deixaram o Palácio de Buckingham em uma carruagem para a curta procissão até a Abadia de Westminster.
Algumas horas antes, ativistas antimonarquia foram detidos quando retiravam de um caminhão diversas faixas com a frase “Not my king” (Não é meu rei).
“Prenderam seis dos nossos organizadores e confiscaram centenas de cartazes. Não disseram o motivo da detenção nem para onde foram levados”, declarou à AFP uma das centenas de pessoas que compareceram a ‘Trafalgar Square’ para o protesto convocado pelo grupo “Republic”.
Quase 20 membros do grupo ecologista “Just Stop Oil” também foram detidos e algemados na mesma área, segundo um fotógrafo da AFP.
Ritual milenar
Na Abadia de Westminster já aguardavam os quase 2.300 convidados, incluindo a primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, os reis Felipe VI e Letizia da Espanha, além de centenas de representantes da sociedade civil britânica.
Charles III é coroado diante dos convidados, e de milhões de telespectadores, oito meses após a morte de sua mãe, Elizabeth II, que reinou durante sete décadas.
Embora o rei desejasse uma cerimônia mais moderna e simples que a de sua mãe, em um momento de grave crise pelo aumento do custo de vida, o evento terá um ritual pomposo, que praticamente não muda há mil anos, único entre as monarquias europeias.
Serão utilizadas três coroas cravejadas de diamantes e pedras preciosas, diversas vestimentas antigas bordadas com ouro que o rei usará nas diferentes fases da cerimônia, três cetros e um par de esporas de ouro.
Em um aceno às preocupações modernas, o óleo da unção será vegano, embora consagrado como a tradição exige na Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém, onde os cristãos acreditam que Jesus foi enterrado.
Na parte considerada a mais sagrada da cerimônia, o arcebispo de Canterbury, líder espiritual da Igreja da Inglaterra, da qual o rei é o líder máximo, ungirá as mãos, o peito e a cabeça de Charles III e Camilla, escondidos da visão de todos por uma tela.
Antes, o monarca será apresentado aos convidados, que o reconhecerão com saudações. E com a mão na Bíblia, ele prestará juramento.
A parte central da cerimônia acontecerá quando o arcebispo Justin Welby colocar sobre a cabeça de Charles III a coroa de Santo Eduardo, que só é utilizada no momento da coroação.
Em substituição à tradicional homenagem dos aristocratas, o religioso convidará todas as pessoas, de onde estiverem assistindo ou escutado a cerimônia, a jurar lealdade ao novo rei, uma novidade histórica que busca a democratização da cerimônia, mas que provocou fortes críticas.
Informações: O Povo